Hoje, eu entrei numa comunidade no Orkut que se chama: “Pararia o tempo naquele dia...”. Trata-se de uma comunidade onde você escreve sobre algum momento maravilhoso na sua vida em que você gostaria que o tempo tivesse parado. Tentei escrever alguma coisa no tópico relativo ao tema e não consegui. Fiquei pensando: em que momento eu gostaria que o tempo tivesse parado? Qual o momento mais significativo da minha existência? Não consegui encontrar nenhum.
Olhei alguns tópicos e percebi que muitas pessoas gostariam que o tempo tivesse parado quando estavam junto de alguém muito especial ou um amor antigo, etc.
Lembranças de infância, nem pensar. Minha infância foi péssima. A adolescência, pior ainda. Acho que só consegui melhorar um pouco, depois dos 20 anos. Êpa! Peraí. Agora lembrei, sim, de um momento em que eu gostaria de voltar no tempo, ou que ele tivesse parado: o meu último ano do ensino médio.
Eu tenho por hábito dizer que cada ano passado, para mim é melhor que o anterior, porém, agora, percebo que esse foi o melhor ano da minha vida, até agora. Eu tinha um grupo de amigos fantásticos. Lembro-me agora de alguns nomes mais chegados: Edgard, Expedita, Fátima, Marcos Antonio. Principalmente, Fátima e Expedita. Éramos inseparáveis. Estudávamos no Colégio Estadual Presidente Humberto Castelo Branco, e, como morávamos perto, inclusive a Expedita morava na minha rua, sempre íamos e voltávamos em grupo, todos os dias. Como estudávamos no turno da manhã, sempre por volta de meio-dia, passávamos numa padaria que havia no caminho, e pedíamos pão, algumas vezes com fome, outras, só por farra. Ainda lembro o gosto do pão: delicioso, quentinho, saído do forno na hora.
Lembro, ainda, que durante as férias do meio do ano, senti uma enorme saudade do meu grupo, e contava os dias para que chegasse o início das aulas. Aliado a isso, eu sempre gostei de estudar, ainda gosto até hoje.
No segundo semestre, aconteceu uma coisa interessante: eu e o Edgard começamos a nos interessar um pelo outro e o grupo percebeu e deu o maior apoio. Sentávamos lado a lado e conversávamos muito. Ele tinha os olhos verdes e eu o achava lindo. Passei o último semestre nas nuvens. Quando terminou o ano, todos estavam tristes, porque sentíamos que seria o final do grupo. Cada um tomaria rumos diferentes e dificilmente permaneceríamos juntos, pois o nosso elo era a escola e não existiria mais.
Realmente, assim foi. Cada um tomou seu rumo. O namoro com o Edgar não continuou. Os pais dele moravam no interior e, depois do término das aulas, foi passar férias com a família; durante seis meses, não tive notícias dele. Quando ele voltou, eu tinha conseguido entrar na universidade e estava muito empolgada com isso, não fiz questão de continuar o namoro. Encontrei algum tempo depois com o Marcos Antonio na universidade, não me lembro o curso que ele estava fazendo. Ele me falou que o Edgar também estava fazendo o curso de Engenharia de Pesca. A Expedita conseguiu entrar na universidade para o curso de Filosofia, e como morávamos na mesma rua que eu, ainda mantínhamos contato. A Fátima mudou-se e, algum tempo depois, eu a encontrei trabalhando numa ótica. Havia casado e tinha filhos. Ainda cheguei a conhecer a casa dela e a família, mas a amizade não perdurou.
Ainda sinto saudade de todos. De cada um, de uma forma especial. Principalmente agora que estou escrevendo esse texto. Apesar de não estarmos mais juntos, sinto que nunca os esquecerei. Espero revê-los algum dia e, quem sabe, continuarmos nossa amizade. Será isto possível? Isso me lembra um trecho de um texto de Nietsche que eu amo:
“Podemos nos cruzar ainda, talvez, e celebrar festas juntos, como já o fizemos antes – e, no entanto, esses bravos navios estavam tão tranqüilos no mesmo porto, debaixo do mesmo sol, que se teria acreditado que tinham alcançado o objetivo, que tinham tido um único objetivo comum. Mas então a força todo-poderosa de nossa tarefa nos separou, empurrados para mares diferentes, sob outros sóis, e talvez nunca mais nos voltemos a ver – talvez nos voltemos também a ver sem nos reconhecermos: tantos mares e sóis nos mudaram!”
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