sábado, 6 de fevereiro de 2010

Amizade de Astros. (Nietzsche)














Éramos amigos e nos tornamos estranhos um ao outro.

Mas isso é realmente assim

E não queremos calá-lo nem escondê-lo

Como se disso tivéssemos vergonha.

Como dois navios, cada um com seu objetivo e sua rota traçada:

Podemos nos cruzar ainda, talvez, e celebrar

Festas juntos, como já o fizemos antes - e no entanto,

Esses bravos navios estavam tão tranqüilos no mesmo porto,

Debaixo do mesmo sol, que se teria acreditado

Que tinham alcançado o objetivo,

Que tinham tido um único objetivo comum.

Mas então a força todo-poderosa de nossa tarefa nos separou,

Empurrados para mares diferentes, sob outros sóis,

E talvez nunca mais nos voltemos a ver

– talvez nos voltemos também a ver

Sem nos reconhecermos: tantos mares e sóis nos mudaram!

Era preciso que nos tornássemos estranhos um ao outro,

Assim o queria a lei que nos transcende

E é por isso que nos devemos respeito,

Para que a lembrança de nossa antiga amizade

Se torne mais sagrada que outrora!

Existe provavelmente uma formidável curva invisível,

Uma rota estelar,

Onde nossos caminhos e nossos objetivos diferentes

Estejam incluídos como pequenas etapas;

Elevemo-nos a esse pensamento!

Mas a nossa vida é demasiado fraca

Para que possamos ser mais que amigos

No sentido dessa sublime possibilidade!

- E assim queremos acreditar em nossa amizade nas estrelas,

Mesmo que tivéssemos de ser inimigos na terra.


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