domingo, 28 de fevereiro de 2010

Música para recuperar a atenção

A música é um elemento muito importante na vida dos seres humanos. Diferentes ritmos, melodias e letras provocam diferentes reações e induzem respostas emocionais particulares – e, segundo um estudo de David Soto e colaboradores, também podem compensar problemas de atenção decorrentes de lesões no cérebro.

A heminegligência visual, ao contrário do que o nome sugere, não é um problema estritamente de visão, mas de atenção, causado por uma lesão em um dos hemisférios cerebrais, geralmente o direito, decorrente por exemplo de um AVC. O paciente com heminegligência visual negligencia metade do mundo: veste apenas um lado do corpo, come apenas de um lado do prato, desenha apenas um lado dos objetos, como se o lado do mundo (e do corpo) oposto ao lado da lesão não existisse mais.

Como a atenção pode ser influenciada pelo estado emocional, por que não ouvir uma boa música para modular emoções, e quem sabe assim recuperar a atenção ao outro lado do mundo? Essa foi a premissa dos pesquisadores, que compararam três pacientes acometidos por heminegligência visual. Nos testes, a capacidade dos pacientes de perceber e identificar objetos na metade do mundo ignorada era melhor, e às vezes totalmente normal, quando eles ouviam sua música favorita do que quando ouviam outra qualquer, ou nenhuma música. Um exame de ressonância magnética funcional realizado enquanto um dos pacientes ouvia sua música favorita ao fazer a tarefa mostrou um aumento da ativação do córtex occipital (relacionado à visão), do córtex orbitofrontal (relacionado ao prazer), e do córtex pré-frontal dorsolateral (relacionado à atenção e ao planejamento). A música favorita, provavelmente através de emoções positivas, muda a maneira como o córtex distribui a atenção e processa informações do corpo no espaço.

A partir desses resultados, os cientistas sugerem que o componente emocional positivo (como a música agradável) pode ser um importante agente de melhora da heminegligência visual – e quem sabe possa ajudar na recuperação de pacientes com outros distúrbios causados por lesão cerebral?


Fonte: http://www.cerebronosso.bio.br

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