Ana Caroline Andrade Avendaño:
A história do meu nome, história da minha família.
Como disse o autor do texto indicado em sala de aula, quando nascemos temos experiências e vivências acumuladas e equivalentes à idade das pessoas que influenciaram em nossa criação. Por esse fato, tenho muito orgulho do meu nome, da minha família.
Pra responder logo a questão a que se propõe esse texto, vou adiantar os fatos até a escolha do meu nome, depois retorno à história da minha família.
Sou a mais nova de uma prole de três: primeiro veio uma moça, depois um rapaz. Minha irmã mais velha chama-se Norma Graciela, mesmo nome da minha avó, mãe de meu pai. Meu irmão do meio, Jonathan Charles. O Jonathan, segundo minha mãe, vem do nome de um personagem de algum seriado antigo da tevê, e que hoje, ela não lembra o nome. O Charles ela também não lembra, pois agora ela está ocupada assistindo outro seriado, desta vez, no computador. Meu irmão acabou de me dizer, que sobre o nome dele, só sabe que quase chegou a ser José Atílio, nome do meu avô, pai do meu pai.
Bom, o meu nome. Meu pai, querendo realizar uma nova tentativa de perpetuar em nós sua herança el salvadorenha, propõe para meu nome, Maria Guadalupe. Uma santa, creio eu. Mamãe, com o bom senso que Deus lhe deu, nunca permitiria que sua filha fosse chamada carinhosamente de “Lupita”. Ela achava lindo Ana. Só faltava um acompanhamento, tipo feijão com arroz. Esse seria Patrícia ou Caroline. Este último com “e” mesmo, porque Carolina já tem demais. Por fim, decidiu-se por Patrícia e incubiu meu pai do solene dever de me levar ao cartório. Como muitas outras histórias, chegando lá, ele não consegue lembrar qual fora o escolhido. Decidi-se na sorte e ficou esse: Caroline. Pronto, meu nome está feito: Ana Caroline Andrade Avendaño. Mas antes mesmo de eu nascer, já estava embutido em mim, a experiência de muitas outras aventuras, romances, dificuldades, desencantos e secas.
Minha avó, Francisca da Silva Andrade (Fransquinha), era a flor mais linda do sertão, que só vendo! E realmente vi, numa foto antiga, que ela pediu-me para restaurar. Mas meu avô, Arão Andrade Filho (Arãozinho) também não saia por menos! Jovem, garboso, trabalhador, um colírio para os olhos das meninas. Essa história é de uma época na qual, segundo minha avó, as mulheres não ousavam “cantar” os homens. Nos namoros, uma lamparina entre os amantes continha os carinhos e afetos que estes ousassem provar durante descuidos do pai da moça ou das tias solteironas.
Ah, quase esqueço! Essa história se passa em Pentecoste, município do Ceará, no Vale do Rio Curu. Terra do peixe, dos coronéis, açudes, juazeiros e de pequeninas comunidades espalhadas pelo meio do mundo. A família da minha avó morava na fazenda Itaguaçu, onde hoje fica escola de agronomia da UFC.
Eles eram da mesma família. Ele era sobrinho da tia Sinhá (nessas histórias, sempre tem uma tia Sinhá), esposa do avô dela, ou seja, primos. A primeira vez que ela percebeu olhares diferentes por parte dele, foi no casamento da irmã dela, a Augusta, ou a Dedé...
Ele tinha um chamego com sua irmã Maria, mas no dia dessa festa, regada a muito aluá e desafio, algo deu errado e ele passou a desviar sua atenção para a Fransquinha. Esta, com seus dezesseis, dezessete anos, nem imaginava do se tratava tais olhares e a repentina mudança de postura: “se envolvendo, muito interessado”. Só sabia que havia algo diferente. No mesmo dia sua irmã Maria foi vê-la na cozinha, chorando zangada, que ela estava querendo tomar o namorado dela. Mas a razão do desentendimento dos dois foi que, segundo Arãozinho, quando ele foi ver Maria, ela estava engraçada com outro.
Nessa mesma noite, Fransquinha foi embora cedo da festa, à cavalo, pois apesar do seu avô gostar muito de cantoria, o que geralmente era a melhor parte, no final da festa, o véi estava meio “queimadão”. Arãozinho ajudou-a a montar no cavalo, com muito interesse, mas ela muito ingênua, nada percebia. Era coisa normal. E foi por aí que começou. A partir desse dia, sempre que ele ia à casa da tia Sinhá dispensava atenções à Fransquinha, e aos poucos foi compreendendo e correspondendo à corte.
Às vezes Arãozinho ia à Fortaleza, pois a sua parte da família havia se mudado para lá e, numa dessas vezes, ele trouxe para ela um vidro de perfume “muito bom” chamado “Desejo”. O pai de Fransquinha gostava muito de cantorias, repente, desafios. Numa festa dessas, freqüentadas pela família, na casa de um vizinho chamado “cabôco” Gomes, foi quando eles começaram a namorar mesmo. O namoro daquele tempo, nem de conversar muito era, muito menos de pegar na mão. Era só de olhares e sentimentos silenciosos, mas intensos.
Como ele era muito querido da tia Sinhá, e o avô dela também gostava muito dele - um rapaz novo, bonito, trabalhador, enfim, “só o mí” - as visitas se tornaram mais freqüentes. Ele começou a fazer umas compras por lá, pra vender em outros cantos e nessas idas e vindas o namoro foi se firmando.
Apesar da simpatia pelo moço, o avô de Fransquinha tinha um “nhenhenco - nhenhenco” de que ela não ia casar cedo. Não antes dos 25 anos. Por conta disso, ela também nunca fora do tipo namoradeira, meu avô foi seu primeiro namorado. A tia Sinhá dava apoio, mas o avô era bravo, não aceitava aconchego. Mas mesmo assim, não “impatou” nada, pois o namoro mesmo, passou então a ser às escondidas. Muitas vezes quando ele chegava, ela estava bordando, e ele ficava ali encostado na máquina... E eram nesses dias que o namoro ia melhorando... Isso quando o véi não estava em casa, porque se estava, era cada um pro seu canto. Parece até romance que já foi escrito. Até que um dia aconteceu.
Ei Carol, tua mãe está ficando velha,nao lembra mais do seriado romântico e famoso dos anos 80: CASAL 20.
ResponderExcluirmuitos beijos, vc mereçe. fica na paz.
Muito bom!
ResponderExcluirGostei mesmo!
Valeu Seu Arão!!!!!!!!!!!!1
Eu pensava que o nome Charles vinha do "príncipe Charles"...kkkk
ResponderExcluirMeus pais o ano passado comemoraram bodas de ouro e vocês podem ver nas fotos das bodas como eles são bonitos.
ResponderExcluirE Guadalupe, é o nome de uma irmã do pai da Carol. Parece que ele realmente queria perpetuar a família nos filhos. kkkkk.
E era mesmo, Maurício. Eu lembrei depois, mas como já estava com mais idade, fiquei com vergonha de dizer. rsss
ResponderExcluirInda prefiro a Guadalupe. lupita... eheheuehueheu!
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